sexta-feira, abril 10, 2009

Lei Antifumo, Democracia e Ética


Nos dias que se sucederam à aprovação da lei antifumo pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo percebemos uma série de manifestações na Internet, a maioria delas saudando a lei, mas algumas condenando com argumentos verdadeiramente inacreditáveis.

Parece que o entendimento de democracia dos opositores, que com certeza são fumantes ou prepostos da indústria tabagista, percorre uma via de mão única. Clamam pela liberdade do direito de fumar aonde quer que seja e negam o direito dos não fumantes de rejeitar o fumo passivo.

Alguns exemplos destas manifestações são dignos de referência pelo caráter arbitrário e ridículo de suas argumentações. Uma delas, no site oficial do PCB, Vermelho Online, afirma em uma de suas matérias que a “lei antifumo é palanque eleitoral” e numa entrevista com Marcus Vinicius Rosa, diretor jurídico da Abresi, que junto com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) vai liderar as ações contrárias à lei, apresenta argumentações falaciosas alegando queda futura de faturamento do setor e desemprego se a lei for aplicada.

Nada mais falso.

Pesquisas em cidades como Dublin e Nova York mostram exatamente o contrário, pois não foi registrada queda do índice de emprego que pudesse ser associada à Lei e por outro lado foram registradas significantes reduções da poluição do ar e de incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares em empregados do setor.

Falar em contramão das tendências como alguns opositores alegam parece brincadeira de mau gosto, haja vista as ações tomadas pelas cidades citadas acima e muitas outras no mundo.

Pior ainda é aliar a questão à sucessão presidencial, seria até um tiro no pé, pois infelizmente ainda é grande o número de fumantes. Esta argumentação só é explicável pelo desespero de quem prevê que no futuro próximo apenas poderá fumar em casa ou nas casas de amigos fumantes. É o momento de abandonar esta idéia, ela sim, está na contramão das tendências.

Alguns outros comentários demonstram o impressionante senso de democracia às avessas professado pelos fumantes. Atitude que só reforça a personalidade inconveniente, mal educada e antiética da maioria deles.

No afã de clamar por direitos se esquecem daqueles que são os mais prejudicados, os empregados de bares e restaurantes, aos quais, sem direito de escolha, apenas lhes resta fazer parte das estatísticas de portadores de doenças cardíacas e respiratórias.

Estes empregados dos estabelecimentos comerciais são obrigados a conviver em um ambiente poluído pelo menos 8 horas por dia sem escolha. Pesquisas demonstram sem sombra de dúvidas o elevado índice de doenças do trato respiratório nestas pessoas. O Ministério da Saúde demonstra com pesquisas, que "os fumantes passivos têm um risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular, 30% mais chances de ter câncer de pulmão e 24% a mais de chances de sofrer um infarto de miocárdio. Esse não-fumante ainda teria maior propensão a desenvolver asma, ter redução da capacidade respiratória e maior risco de arteriosclerose."

O que os fumantes sugeririam a eles: Mudem de emprego?

Saudamos com entusiasmo a nova lei paulista e torcemos para que ela se alastre como um vírus benigno por todos os estados da federação.

2 comentários:

Perdoai-os senhor porque eles não sabem o que fazem disse...

O autor do blog é tendencioso. Portanto duvido que publique minha crítica. Existem muitas pessoas tolas que aderem a todo tipo de modismo, sendo a bola da vez o anti-tabagismo. Acreditar em tudo que a imprensa diz é tolice, nas afirmações da OMS idem, vide os altos e baixos relacionados a alimentos, ora o ovo faz mal, ora é bom, ora bebida faz mal ora é muito saudável tomar um cálice de vinho por dia. Fumo há 30 anos, pratico esporte, vida sexual ótima, checkup anual tudo normal. Nunca foi provado que fumantes passivos ocasionais tenham algum problema de saúde causado por inalar a fumaça, muito menos letal que índice atmosférico de São Paulo, diga-se de passagem. Tem fumantes que casados, fumam até no quarto junto com o conjuge, aí sim o malefício, 24 hs por dia mas fumar embaixo de um toldo não prejudica ninguém concorda ? Um garçom atendendo áreas de fumantes e não fumantes alternadamente não terá nenhum prejuízo, pelo que lembro das leis da física, a fumaça, mais quente que o ar ambiente irá para o teto, que nunca vai adoecer. Se colocarmos ventilação no alto do mesmo ambiente, assunto encerrado. O que não tem tratamento é para a hipocrisia de não concordar que esta lei é uma medida desesperada de um indivíduo que sabe que não vence uma eleição, pois já teve experiencias anteriores e foi provado que a cara do sujeito não ajuda. Por falar nisto o tal Zé B..., tb. pode ser barrado num ambiente de gente bonita por ser totalmente anti-estético e causar constrangimento numa sociedade idealizada de gente "bombada" e bonita. A vez do autor do blog tb. chegará, se a sociedade começar a implicar com "imperfeições" dos outros, quem é 100% ideal ?? Leia Mayakovsky, Bretch, entre outros.

Mario Porto disse...

Tendencioso eu ou você?

Estou respondendo da mesma maneira que respondi no mesmo comentário feito pelo mesmo visitante/leitor na MPHP no artigo Porque uma HP.

Eu não devia mesmo publicar seu comentário, porque você foi indelicado atacando a pessoa ao invés da idéia, atitude típica da falta de argumentos.

Conheço os fatos sim, pois convivi com uma pessoa fumando ao meu lado por mais de 15 anos e me desculpe, alguém que fuma no quarto de casal quando o outro conjuge não é fumante, não merece respeito.

E quanto ao fumo passivo eu mesmo conheci uma americana, executiva, que teve um cancer no pulmão característico em pessoas que voavam muito de avião quando o fumo era permitido nos vôos, felizmente não é mais, mas isso, é claro, trata-se de um exagero da mídia e dos "matraqueiros" sem argumento.

Você quer fumar por mais 30 anos faça-o, mas não obrigue as pessoas ao seu lado a também fumarem por tabela, seja educado.